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Companheiro perfeito é aquele que permite que o outro seja autêntico!

Embora a regra geral não seja essa, existem parceiros perfeitos. Não se trata de pessoas sem defeitos, naturalmente, porque o ser humano sempre apresenta alguma deficiência. Companheiro perfeito é aquele que permite a seu par ser o mais verdadeiro possível.
Casais perfeitos vão construindo o relacionamento à medida que buscam formas de continuarem sendo autênticos.

Muitas pessoas me perguntam regularmente se acredito no casal perfeito. Como se isso fosse uma questão de fé e eu tivesse a responsabilidade de pregar uma nova modalidade de religião. Acontece que, talvez por ser observador incessante e curioso dos seres humanos, tive a oportunidade de conhecer uma vasta gama de pessoas nas mais diferentes faixas etárias, logo, conheci pessoas que viviam relacionamentos “perfeitos”. Nada que se refira à falta de defeitos, claro. Nenhum ser humano acerta sempre e é “resolvido” a ponto de não cometer bobagens. Defino como companheiro perfeito quem permite a seu par ser o mais autêntico possível. Infelizmente isso é raro. O mundo está cheio mesmo é de casais que poderíamos chamar de “imperfeitos”, cujos parceiros vivem “mentindo” um para o outro. Fazem coisas que não querem e nas quais não acreditam só para não “aborrecer” o companheiro ou não provocar brigas. Assumem, ao longo da convivência, um jeito de ser que não é o seu. Deixam de ser eles mesmos para ser o que o outro espera que sejam ou que imaginam que o outro espera deles. Anulam-se. Essa é a pior maneira de viver: abrir mão de si apenas para atender o outro. Você poderá perguntar “Por que tem que ser assim?”. Bem na realidade não precisa ser assim, mas o ser humano é cheio de vaidades, assim como nos ensina o antigo livro sapencial do Eclesiastes – Vaidades das Vaidades , e acredita – Oh! Onipotência! Que ele pode mudar a vida da pessoa amada. Em uma relação as cobranças aparecem logo que a paixão acaba. Sim, porque enquanto se está apaixonado não se vêem os defeitos do outro e se escondem os próprios. Além disso, como toda emoção arrebatadora, a paixão distorce a percepção. Se o casal se ama pode ser uma complicação maior, pois quando se ama teme-se a perda. Ao começarem as cobranças, ambos passam a evitar os conflitos para fugir da perda. Nutrem pensamentos como “Ah! Com o tempo ele se acostuma comigo”, “Com jeitinho eu vou fazendo a cabeça dela ou dele”, “Depois de casar ela muda”, etc., etc. Fazem de conta que estão com o companheiro perfeito, ou pior que podem transformá-lo no companheiro perfeito. Isso sim é ingenuidade! Em vez de explicitar as diferenças e encontrar um meio de vivê-las, escondem-nas do outro se anulando. É por isso que não se acredita no parceiro perfeito. Quase ninguém tem a coragem de assumir-se diante do outro e permitir que ele seja o que é.
Talvez seja um ideal impossível, mas estou convencido de que deveria ser buscado com muita insistência. É o que fazem os parceiros perfeitos, longe de viverem idilicamente, estão sempre procurando espaço para que cada um possa ser como é. Claro que é difícil e dá trabalho, mas também compensa, gera felicidade.
Inclusive é fácil ver quando se está diante de um casal assim. Basta notar que os amantes se mantêm com os mesmos comportamentos estando ou não na presença do outro. Também demonstram conhecer bem as imperfeições e os limites pessoais. Respeitam-se quando na presença de terceiros. Apoiam-se e, mesmo depois de uma briga continuam próximos e muito cuidadosos entre si. Nota-se que a cumplicidade não foi abalada e em pouco tempo suas diferenças estão superadas. Casais perfeitos vão construindo a relação a medida que buscam formas de continuarem sendo autênticos. Essa construção dá consistência a união e a segurança aos parceiros, pois o amor que um nutre pelo outro se manifesta no respeito que ambos têm pela forma de ser de cada um. Mas é preciso ter condições para ser um companheiro perfeito. A primeira é ter auto-estima, quem dá pouco valor a si mesmo, anula-se com facilidade e tem pouca seletividade para escolher companheiros, para esse tipo de pessoas, é bem mais fácil desconectar-se da realidade com “ficantes” em baladas – qualquer um serve. O segundo ponto é a maturidade emocional e a maior evidência de que alguém atingiu esta condição se dá quando a pessoa consegue sair de si mesma , de sua posição, e entrar na “pele da companheira”, é como enxergar a si mesmo com os olhos do outro. Infelizmente, essa é a condição mais difícil de ser atingida, quem a conseguir será o parceiro perfeito para alguém e também escolherá o parceiro perfeito para si mesmo.

Muito atenciosamente,

Magister Leandro Andrade da Rocha

Pesquisa Histórica e Filosófica